sábado, 24 de maio de 2014

Durval, Magrão, Mano Menezes e a Ilha seis anos depois

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Há seis anos, o goleiro Magrão, o zagueiro Durval e o técnico Mano Menezes protagonizaram um dos jogos mais importantes da história de Sport e Corinthians no mesmo palco que os receberá neste domingo (25): a Ilha do Retiro. Era final de Copa do Brasil reunindo dois campeões de popularidade em suas respectivas regiões – Nordeste e Sudeste. Para o Sport seria a chance de conquistar seu segundo título nacional, 21 anos depois do polêmico Brasileiro de 1987. Para o Corinthians, na época com quatro Brasileiros e duas Copas do Brasil seria a oportunidade de ser o primeiro time na Série B a levantar a segunda competição mais importante do País.
No primeiro jogo, o atropelo dos paulistas quase deixa tudo definido. Um desesperançoso 3×0 virou luz do fim do túnel com o gol de Enílton. Carlinhos Bala avisou: foi o gol do título. O interlúdio entre as duas batalhas foi tenso. Treinos rubro-negros eram fechados aos jornalistas bandeirantes. Corintianos esbanjavam confiança através da imprensa – torcedores que fique bem claro. Mas os jogadores também acreditavam que o título estava próximo.
Mal sabiam eles o que os esperava. A Ilha do Retiro era um mix de gramas de vários tipos. Irregularidades e buracos eram comuns para os leoninos e uma arapuca para os rivais. Não por acaso, as referências eram alçapão, caldeirão e vários ‘ãos’. Nela, caíram palmeirenses, colorados e vascaínos. Um seriado chamado Lost, onde um grupo de pessoas se perdiam numa Ilha era a metáfora perfeita.
Da subida no túnel apertado até o apito final, os adversários do Sport ouviam um manancial de vaias, uma chuva de apupos e um rugido ensurdecedor antes da partida começar comandado pelo locutor: “Pelo Sport naaaadaaaaaaaaaa?” O volante Elias na época reserva, dava uma entrevista, quando surpreendido pela massa ululante, tomou um susto, ao vivo, em rede nacional.
“O Corinthians traz boas lembranças aqui na Ilha. Foi uma conquista inédita para mim e para o Sport. Tínhamos um time competitivo, muito forte”, lembra Durval, capitão ontem e hoje, coincidentemente comandado pelo mesmo sobrenome Baptista. O pai em 2008, o filho em 2014.
Começado aquele jogo, o Timão não fez jus ao apelido no aumentativo. Foi no máximo um time. Na cova dos leões encolheram-se, rebatiam bolas para onde os narizes apontavam. O Sport encurralava mas não finalizava, entre o nervoso e o desarrumado fazia Felipe olhar para frente apenas com angústia. Quando o presdestinado Enílton entrou em campo novamente tudo mudou. Carlinhos Bala acertou um chute fraco, no canto. Mas a bola entrou aos 34 minutos. Apenas três depois Luciano Henrique pegou um rebote e ficou com medo de dar o contra-ataque que resultou no terceiro gol paulista lá no Morumbi.
Chutou de qualquer jeito, mais para se livrar da bola. Ela quicou no chão. Enílton, na frente de Felipe esticou-se e fez o movimento do cabeceio. Puro embuste. A bola sequer tirou uma casquinha em sua cabeça raspada. Mas foi suficiente para quicar novamente entre as pernas do goleiro. Dois a zero deixaria o troféu no Recife. Mano fez de tudo. Botou Acosta, o uruguaio que o Náutico apresentara ao Brasil. Acionou Lulinha. Acosta chegou perto, mas Magrão saiu deslizando na grama irregular e afastou com os pés. Foi o último suspiro dos corintianos.
O jogo acabou e enquanto Durval fazia pose de herói grego, impávido com o troféu nas mãos. No vestiário Mano reclamava aos quatro ventos que apenas Alício Pena Júnior, o mediador do jogo, não vira pênalti na citada rebatida de Magrão na frente de Acosta.
O epílogo desse jogo veio em 2012, justamente no Recife, quando a seleção, ainda sob seu comando, goleara a China por 8×0 no Arruda. Um repórter o indagou sobre as chances de Magrão na Canarinha. Ele elogiou um de seus antigos algozes. “É um grande goleiro, senti isso na carne”, disse, sorrindo. Mas alegou que estava bem servido com Jefferson e Cássio. A terceira vaga numa futura Copa do Mundo ficaria com alguém mais jovem. Foi a última vez que o técnico lembrou daquele 11 de junho.

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