quarta-feira, 12 de março de 2014

NINGUEM COME SOZINHO



 O alvo da vez é Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, ex-chefe da Casa Civil do governador Mário Covas. A Procuradoria da Suíça, em relatório de 282 páginas com 90 documentos, acusa Marinho de ter recebido US$ 1,1 milhão numa conta secreta no Crédit Lyonnais de Genebra; e transcreve depoimento de Michel Cabane, executivo da multinacional francesa Alstom no Brasil, em que diz que Marinho recebeu propina, para facilitar as coisas para o Projeto Gisel, da então estatal Eletropaulo. Note-se: este não é o caso do cartel do Metrô e dos trens metropolitanos. É outra denúncia.

Mas convenhamos: o Governo não é apenas uma pessoa. Há toda uma estrutura montada para avaliar a legalidade de atos e contratos, investigar a possibilidade de fraudes, verificar se está tudo correto, em termos jurídicos. Se alguém fez o que não devia, não o fez sozinho: contou no mínimo com a omissão ou o silêncio de outros que deveriam estar alertas para coibir irregularidades.

Este colunista tem certeza de que o governador Mário Covas era um homem honesto. Mas foi em seu Governo, o primeiro da série tucana, que certas empresas pequenas cresceram muito - uma passou de terceirizadora de mão de obra a acusada de participação no cartel do Metrô. Houve o leite da Febem, que era vendido ao Governo, no atacado, pelo preço cobrado no varejo por padarias de alto padrão. O Ministério Público denunciou refeições inadequadas em prisões. 

É preciso passar o pente fino. Melancia doce e grande ninguém come sozinho.

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